terça-feira, 27 de novembro de 2012

O Chá e o Café - The Tea and the Coffee

"Ó José?
O que é?
Traz o café...
Vou já... e tu, fizeste o chá?
Olha, aqui está...
Ó André, gostas de café?
Gosto, José...
faz-me trabalhar
quando quero descansar...
E tu, José, aprecias o chá?
Sim, mais que o café...
quando penso em trabalhar
sei bem como é
bebo o chá
e acabo a dormir no sofá...
Ó André?
O que há?
Melhor seria não beber chá
nem café!!!"

Mizangala

domingo, 7 de outubro de 2012

Porquê? - Why?

Porque é a palavra grande
mais pequena que pequena
e maior ou menor do tamanho
que tem a palavra igual?

E mais, mais pequena que menos
dez, inferior a oito
filho, maior que pai
bolo, menor que biscoito?

Porque é que a palavra enorme
tem tamanho pequenino
e pequenino é enorme
homem menor que menino
Sol, mais pequena que Terra
mar, menor que serra,
céu, tão pequenina
que se deixa ultrapassar
por uma só libelinha?

Mas para um amor
assim tão pequeno
encontrei uma razão:
se fosse maior
como poderia
morar nas palavras
sonho e coração?

Teresa Martinho Marques


sábado, 4 de agosto de 2012

O Ponto de interrogação - The question mark

Que agitação 
em Vila Franca do Deão
quando chega de repente
acordando toda a gente
o fogoso
ruidoso
curioso
(mas não tonto)
Ponto
de interrogação...
Exclama
(e é por isso que tem fama)
o Ponto de exclamação
"Tanto barulho para nada,
que maçada!!!)
A Vírgula zangada
no seu jeito de pausa
põe também o companheiro em causa...
Conciso
e preciso
incisivo
invocando bom motivo
sempre com carácter definitivo
fala o Ponto final, depois
dando um conselho ou dois...
O Ponto e vírgula gritava
porque andava
cansado
esgotado
metendo dó
por ser dois pontos num só...
As Aspas não eram poucas
mas fizeram orelhas moucas...
Os Parêntesis, em arco
entraram no mesmo barco
e ao Ponto de interrogação
pregaram grande sermão...
Finalmente, os Dois pontos
meios loucos, meios tontos
falando com calma e respeito
não dizem nada de jeito...
Adivinhai a reacção
do Ponto de interrogação...
tão simplesmente, sorriu
e, por aquilo que se viu
a sorrir
divertir
e questionar
vai continuar
porque firme certeza tem
(como convém)
de que só pode o Mundo avançar
a correr ou devagar
se todo o que quer aprender
devagar ou a correr
não deixe de perguntar...

Mizangala

domingo, 1 de julho de 2012

A Boneca de trapos - The rag doll

De trapos
e farrapos
era feita a Boneca
da velha biblioteca...
Tronco direito
sentada no parapeito
da janela do fundo
sabendo-se pelo Mundo
esquecida
mas sorrindo
florindo
borbulhando vida
pois nenhuma Boneca se sente só
navegando histórias 
e memórias
num mar de livros cheios de pó...

Mizangala

domingo, 10 de junho de 2012

Vitral 5 - Stained glass 5

Sem Humanidade, a TECNOLOGIA é oca e fria...
SORTE, é ter Saúde, Família, Amigos e não temer a morte...
Do PERGUNTAR até morrer, se faz o Saber...
LUCIDEZ, é entender o que vai passar, sem ninguém to explicar...
A INOCÊNCIA, valor eterno... só no útero materno...
Para o bem e para o mal, a CURIOSIDADE é visceral...
Dias felizes, quando um LIVRO em nós cria raízes...
Fosses tu uma ostra, e a IDONEIDADE reconhecida, bem poderia ser tua pérola escondida...
Que a MATURIDADE me torne, em cada momento, fruto mais doce e sumarento...
Por fora são todos iguais, mas de um CÉREBRO humilde e bom é que eu gosto mais...

Mizangala

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Como as palavras? - Like the words?


A relva
como os cabelos
as unhas
vai crescendo
foge do chão
e corta-se
apara-se
deita-se fora
esquece-se
vezes sem conta
a partir da ponta
poupando a raiz.

Como as palavras
sem cor
que a gente diz?

Teresa Martinho Marques

domingo, 11 de março de 2012

Outono - Autumn


Outono lento
devagarinho
nem suave nem duro.
No caminho, a meio,
entre o Verão da luz
e o Inverno escuro
quase com receio
de ser estação.
Do verde ao fogo
folhas no ar, no chão...
Chorando? Voando?
Quase chumbo
quase ouro,
tesouro aguardando.

Do calor ao frio
(sinto um arrepio)
lá vai caminhando.

Teresa Martinho Marques