segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A Janela do Telhado - The Roof's Window



A Janela do Telhado
fica na casa do lado...
Da Janela do Telhado
vê-se o céu estrelado...
Na Janela do Telhado
o sol não entra envergonhado...
Sobre a Janela do Telhado
a chuva faz o seu bailado...
No parapeito da Janela do Telhado
canta o melro enamorado...
Na madeira da Janela do Telhado
trabalha o pica-pau dourado...
Por baixo da Janela do Telhado
a andorinha tem o ninho pendurado...
Quem olha da Janela do Telhado
vê o Mundo renovado...

Mizangala

domingo, 23 de janeiro de 2011

A Papoila e a Borboleta - The Poppy and the Butterfly



Não há Borboleta
com a qual
a Papoila do quintal
não se meta...
Diz-lhes, trocista
que pétalas encarnadas
são vestes de artista
mais belas
elegantes e singelas
do que asas pintalgadas...
Dia após dia
a Borboleta cor-de-rosa
que transpira alegria
e é terna e formosa
não lhe dá resposta
pois do que gosta
é voar
e andar
bem disposta...
A Papoila, de novo insistiu
mas a Borboleta, nem sequer ouviu...
apenas voou, como sempre fazia
e celebrou mais um dia...

Mizangala

sábado, 15 de janeiro de 2011

O Pingo - The Drip



O Pingo
nasceu, era domingo
sem saber como nem porquê
assustado, bem se vê
brotando assim
de um céu imenso, sem fim
azul, de branco malhado
nessa nuvem pendurado
quilómetros acima
desta rima
e do campo lavrado...
Cresceu tudo, em poucas horas
adulto, sem mais demoras
e, de tão gordo que estava
para o solo distante
algo o puxava
com a força de um elefante...
O que ali depois se viu
só mesmo ao Pingo espantou...
tão simplesmente, caíu
no campo lavrado aterrou
e o corpo pulverizado
por metro e meio quadrado
ficou...
É esta a vida dos Pingos
mesmo aos sábados e domingos...

Mizangala

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O Homem do Chapéu de Côco - The Man with the Coke Hat



O Homem do Chapéu de Côco
não é santo
nem é louco
(por enquanto)...
O Homem do Chapéu de Côco
não tem muito, nem tem pouco
não é nobre
nem é pobre...
Há quem diga que é porteiro
outros, que é cozinheiro
mordomo de algum marquês
ou todos, de uma só vez...
O enigma nem estaria
perto de ser decifrado
se por acaso, ao meio-dia
o Homem não tenho encontrado
caros leitores e amigos
no pomar, colhendo figos...
Todo ele se consola
e ficai sabendo, que aos quilos
os metia na cartola
(para espanto meu e dos esquilos
nos ramos empoleirados)
figos, às arrobas despejados
sugados
pelo estranho Chapéu de Côco
longo, estreito e muito louco
figos, passando para outro mundo
naquele poço sem fundo...
O Homem do Chapéu de Côco, amigos
olhou então para mim
enquanto a cena dos figos
parecia não ter fim...
Acenou, com simpatia
explicando o que fazia...
"Sirvo o almoço às mascotes
que vivem nesta cartola...
comem muito, estão uns potes
e não é pois brincadeira
quando regressam da escola
saciar esta frieira"!!!
Ainda pasmava eu
e algo estranho aconteceu...
no meio de chuva dourada
e sinistra reza cantada
o Chapéu, feito vulcão
projectou em erupção
três girafas, um elefante
duas vacas, um grilo falante
leões, dragões e um rato
escondido no sapato...
aí, por fim se solta a mola
e salta o coelho da cartola...
O Homem do Chapéu de Côco
de quem muitos sabem pouco
não é actor ou porteiro
nem mordomo ou cozinheiro...
tão somente, feiticeiro...

Mizangala