domingo, 24 de outubro de 2010

O Extraterrestre - The Extraterrestrial



Cantava o rouxinol-mestre
quando a nave extraterrestre
surgiu do nada
e, bem iluminada
aterrou de mansinho
por entre fumos cor de linho...
Abre a porta de serviço
e sai um ente esverdeado
com a forma de chouriço
de crânio liso insuflado
salpicado por antenas
que não devem ser apenas
ornamento tresloucado
apêndice ou camafeu
mas talvez, suponho eu
meio de telepatia
televisão, radiofonia
ou, se não me levam a mal
no seu longínquo planeta
um chamariz sexual...
Grandes olhos, íris preta
inspirou profundamente
doce golfada de ar quente
perfumado e tão diferente
do que tem na sua origem
na constelação de Virgem...
Com os dois dedos da mão
afaga, brinca com as flores
deita-se, rola no chão
sente a erva e o sossego
sente o verde e as outras cores
onde pastava um borrego
branco, fofo, imaculado
que olha para ele, admirado...
Voa o tempo e nasce o dia
batem-lhe os raios de sol
na careca luzidia
sinfonia em lá bemol
que o confunde, que o encanta
e a solidão espanta
(sofrendo só em pensar
que ao Espaço tem que voltar)...
Contorceu então a boca
fazendo careta louca
e desse esgar, se fez sorriso...
entendeu o que é preciso...
O Cosmos, frio e distante
deixou de ser importante
decidiu... vai desertar
da Frota Inter-Estelar...
O Extraterrestre
agora, no espaço campestre
de cérebro superdotado
está feliz, modificado
saiu da sua redoma
e disse em bom português
(pois fala qualquer idioma)
certinho, de uma só vez
com sotaque, claro está:
"Não volto, fico por cá!!!"

Mizangala